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O Momento Atual da Construção Civil no Interior de São Paulo: Juros Altos, Custos Crescentes e Queda na Confiança do Consumidor

A construção civil no interior de São Paulo enfrenta desafios significativos devido ao atual cenário econômico brasileiro. Dois fatores principais têm afetado negativamente o setor: o aumento das taxas de juros e a elevação dos custos de construção, medidos pelo Índice Nacional de Custo da Construção (INCC). Além disso, a queda na confiança dos consumidores tem reduzido o apetite por compras, dificultando ainda mais o mercado imobiliário.

 

Aumento da Taxa de Juros e Impacto no Crédito Imobiliário

 

Em janeiro de 2025, o Comitê de Política Monetária (Copom) elevou a taxa Selic para 13,25% ao ano, representando um aumento de 1 ponto percentual em relação à taxa anterior. Essa decisão foi influenciada por incertezas na inflação e na economia global. Economistas projetam que a Selic pode atingir 15% até o final de 2025.

 

Taxas de juros mais altas encarecem o crédito imobiliário, tornando as parcelas de financiamentos habitacionais mais onerosas para os consumidores. Como consequência, há uma redução na demanda por novos empreendimentos, afetando negativamente o setor da construção civil.

 

Aumento dos Custos de Construção

 

O INCC-M, que mede a variação dos custos no setor da construção, registrou um aumento de 0,71% em janeiro de 2025, acumulando alta de 6,85% nos últimos 12 meses. Em comparação, no mesmo período do ano anterior, o índice acumulava alta de 3,23%, indicando uma aceleração significativa nos custos.

 

Nos últimos três meses, o INCC-M apresentou as seguintes variações mensais:

  • Novembro de 2024: 0,44%
  • Dezembro de 2024: 0,51%
  • Janeiro de 2025: 0,71%

 

Esse aumento pode ser atribuído a fatores como a inflação de materiais de construção e a valorização do dólar, que encarece insumos importados. A desvalorização do real, que perdeu mais de 20% de seu valor em 2024, também contribuiu para o aumento dos custos.

 

Queda na Confiança do Consumidor

 

Além dos juros altos e do aumento dos custos, a confiança do consumidor também tem caído, afetando diretamente o setor imobiliário. Em janeiro de 2025, o Índice de Confiança do Consumidor (ICC), medido pelo FGV IBRE, registrou uma queda de 5,1 pontos, atingindo 86,2 pontos, o menor nível desde fevereiro de 2023. Essa redução reflete a crescente desconfiança dos consumidores em relação à economia e ao governo atual.

 

A incerteza política e econômica leva os indivíduos a postergar decisões de compra, especialmente em investimentos de longo prazo, como a aquisição de imóveis. Quando as pessoas não confiam na estabilidade do governo ou no futuro da economia, evitam assumir compromissos financeiros significativos, impactando diretamente o setor da construção civil.

 

Otimismo Estratégico no Setor

 

Apesar do cenário desafiador, algumas empresas acreditam que há espaço para crescimento. O Diretor Marcos A. Colombo Filho, da MJM Construtora e Incorporadora de Catanduva, destaca que, mesmo com a conjuntura econômica desfavorável, há oportunidades para negócios bem planejados. Segundo ele:

 

                “Apesar do cenário não ser otimista, nossa empresa acredita no crescimento do seu negócio, com a escolha de excelentes produtos que encontrem lacunas no setor, ótimas localizações, projetos compactos e modernos com preços razoáveis.”

 

Essa visão sugere que, mesmo diante das dificuldades macroeconômicas, estratégias focadas na identificação de nichos específicos, aliadas a um bom planejamento de produto e preço, podem garantir a sustentabilidade e crescimento do setor. Projetos compactos e modernos atendem a um perfil de consumidor que busca eficiência e custo-benefício, fatores essenciais em tempos de incerteza econômica.

 

A Perspectiva Filosófica sobre Confiança e Consumo

 

O sociólogo polonês Zygmunt Bauman, em sua teoria da “modernidade líquida”, aborda a fragilidade e volatilidade das relações na sociedade contemporânea. Bauman destaca que, em um mundo onde tudo é incerto e mutável, a confiança torna-se um bem escasso, influenciando diretamente o comportamento dos consumidores. A falta de confiança nas instituições e no futuro leva os indivíduos a adotarem uma postura mais cautelosa em relação ao consumo e aos investimentos.

 

Conclusão

 

A combinação de juros elevados, aumento nos custos de construção e a diminuição da confiança do consumidor cria um ambiente desafiador para a construção civil no interior de São Paulo. No entanto, conforme apontado por especialistas do setor, há oportunidades para crescimento, desde que as empresas se adaptem ao novo cenário, investindo em produtos que atendam às necessidades dos consumidores e sejam competitivos no mercado. A recuperação do setor dependerá não apenas da melhoria dos indicadores econômicos, mas também da capacidade de inovação e adaptação das construtoras frente a um ambiente de incertezas.

Por: Marcos A. Colombo Filho
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